quarta-feira, 6 de julho de 2016

CAPÍTULO 1: ... Eu procuraria ser mais disciplinado no cultivo da minha própria vida espiritual

(DRESCHER, John M. Se eu começasse meu Ministério de novo. Traduzido por Rubens Castilho. São Paulo:Editora Cristã Unida, 1997. 99p.)


Depois [Jesus] subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele. Então designou doze—[os quais constituiu apóstolos]—para estarem com ele e para os enviar a pregar, e a exercer a autoridade de expelir demônios” (Marcos 3.13-15).

      Esta experiência de estar “com Cristo” e praticar sua presença para o desenvolvimento de minha vida interior não foi suficientemente ressaltada durante minha preparação teológica. Apenas um ou dois professores me deram a impressão de que tinham uma vida devocional profunda, uma intimidade com Cristo que me deixaram a sensação de terem vindo da presença do Senhor, ou de terem uma vida de oração tão vibrante e vital que a traziam para dentro da sala de aula.
      Decidi-me pelo ministério com um claro sentido de vocação e excitação para ser ministro de Cristo e da igreja. Entretanto, levei algum tempo para aprender que o fruto é produzido somente com
base num novo crescimento e que a Palavra que tenho de comunicar deve primeiro tomar-se carne em mim. Ficou claro para mim que Deus precisava produzir seu trabalho por meu intermédio.
      Não passou muito tempo de pastorado para que eu compreendesse que precisava alimentar minha própria vida espiritual. Precisava nutrir minh’alma e conhecer o poder que deriva do ato de estar na presença de Cristo e de sua Palavra, em solidão, meditação, jejum e orações, se tivesse de realizar um
trabalho espiritual e eterno, e se tivesse de satisfazer às profundas carências e clamores de pessoas que encontrava diariamente.
      James N. McCutcheon afirma que um olhar de relance na vida pessoal de Jesus “proporciona pelo menos três impressões da prática habitual de nosso Senhor que fala diretamente à vida devocional do ministro. Ele escolhia um momento e um lugar onde possivelmente não fosse interrompido. Ele não permitia que mesmo os que estavam mais próximos dele o importunassem no momento de oração. Não obstante, sua vida devocional estava sempre ameaçada e invadida pelas necessidades que o cercavam.”
      À medida que aprofundamos nosso relacionamento com Deus, nosso relacionamento com os outros também se aprofundam.
      David J. Bosch resume a diferenciação apresentada por Lesslie Newbigin a respeito do “Modelo ‘Peregrino” e do “Modelo Jonas” na vida espiritual. O peregrino sentiu a necessidade de fugir da “cidade pecaminosa”. Jonas teve de entrar na cidade, com todo o pecado e corrupção que nela havia. Bosch conclui: “Os dois eram absolutamente indivisíveis. O envolvimento neste mundo deve conduzir a um aprofundamento de nossa relação com Deus e nossa dependência dele, e o aprofundamento de nossa relação com Ele leva-nos ao crescente envolvimento com o mundo.”
      Na realidade, precisamos ser chamados, separados do mundo, antes de ser enviados a ministrar. 
    Um Jovem pastor escreveu-me dizendo que tinha se perturbado e que me criticou publicamente alguns anos antes numa reunião de ministros pelo fato de eu enfatizar em demasia o cultivo e a disciplina da vida interior. Ele achava que deveríamos nos ocupar mais do trabalho da igreja. 
     Eu não me recordava do incidente. Agora, confessou ele, após alguns anos no ministério, percebeu seu vazio interior e quão essencial é recorrer à fonte do poder e do serviço espiritual. Ao cultivar sua própria vida espiritual, todo um novo mundo espiritual e um novo trabalho começaram a desenrolar-se diante dele.
      Embora os recursos verbais, as aptidões para a boa administração, uma pregação atraente, e um método de visitação agradável possam sustentar um ministro por algum tempo, logo sua integridade moral estará em jogo, se ele estiver falando ou procurando ministrar além de sua própria profundidade ou desempenho espiritual.

A Vida Permanecente

      Em João 15 Jesus nos diz, por duas vezes, que, se não permanecermos nele e Ele não permanecer em nós, nenhum fruto espiritual de valor eterno produziremos. Nenhum? A carne, no
entanto, sente que podemos, através de exercícios, educação, dons, trabalho extenuante, e outras qualidades pessoais, realizar uma obra espiritual. Jesus afirma que não.
      A menos que nos entreguemos franca e diariamente à Escritura, à meditação e à oração, em pouco tempo estaremos procurando nossa própria identidade espiritual. Teremos menos fé e confiança, e teremos um discernimento decrescente da realidade espiritual. Sem a permanência diária em Cristo, estaremos sujeitos à influência paralisante do secular e do material, e dedicaremos nosso tempo a coisas secundárias—o mecanismo da organização, os ofícios da igreja, o corre-corre da comunidade, fazendo em suma coisas que podem ser todas explanadas em termos naturais.
      A menos que creiamos, de todo o nosso coração, no que Jesus disse:—“sem mim nada podeis fazer”—continuaremos a funcionar no nível natural, obtendo somente o que um ser natural, inteligente
e educado pode realizar. Participamos de seminários atrás de seminários com o propósito de aprimorar nossas aptidões, mas dedicamos pouco tempo ao recolhimento e à oração para que Deus modele as nossas inclinações.
      O tempo a sós com Deus ajusta o enfoque de nossas prioridades e alarga nossa percepção para recebermos sua presença e seu poder. A intimidade da nossa vida com Cristo proporciona a medida de nosso poder espiritual para com Deus.
      G. Byron Deshler escreve em For Preachers Only (Somente para Pregadores): “Encerrado o culto da manhã de domingo em meu primeiro pastorado, um jovem leigo me disse: ‘Byron, você deve ter dedicado muito mais tempo com Deus durante a semana.’ Sua observação me sacudiu. Eu tinha, realmente, consagrado mais tempo na semana anterior à oração e meditação do que fazia habitualmente. Não me ocorreu que meus ouvintes pudessem perceber se eu havia ou não passado mais tempo com Deus. Se alguma qualidade em minha prédica denunciou que o sermão se desenvolveu em comunhão com Deus, segue-se que a ausência dessa comunhão indicaria também algo a respeito de minha vida de oração.”
      “Aquietai-vos e sabei”, diz a Escritura—que há um conhecimento de Deus e da obra de Deus que vem unicamente pela comunhão com Ele, até o ponto de sentirmos o próprio sopro de Deus em nossa vida e em nosso trabalho.
      O que exponho não é meramente um ofício técnico ou religioso. Ele deve ser resultado da comunhão com Cristo. Deus é o “que trabalha para aquele que nele espera” (Isaías 64.4).

Prioridades Pessoais

     Com o objetivo de autodisciplinar-me, encontrei um grande auxílio ao decidir estabelecer certas prioridades específicas.
  • Primeira Prioridade: Comprometi-me a ler a Palavra dé Deus diariamente, antes de ler qualquer outra coisa. Antes de tomar o alimento natural, é agradável receber o alimento para a alma e satisfazer minha fome de Deus e da vontade de Deus. Esta prioridade levou-me a levantar cedo, dividir o Novo Testamento em trinta partes, de modo que ele possa ser lido no período de um mês. Faço isto em meses alternados, e no mês intermediário leio uma boa parte do Velho Testamento. Preciso desta disciplina, que tem sido uma prática tão necessária à minha vida como apropriar-me do alimento natural de cada dia.
  • Segunda Prioridade: Assumi o compromisso de falar com Deus a cada manhã, antes de falar com qualquer outra pessoa. Além de ser um momento de louvor e ações de graças, em que procuro meditar sobre o caráter de Deus e seus dons, percebo que uma lista de orações é muito útil para mim. Algumas orações,petições e nomes de pessoas na lista são ocasionais ou por algum tempo, enquanto outras figuram na lista por muito tempo. Há pessoas por quem oro diariamente há muitos anos. Há outras que são mencionadas nas orações por um tempo mais curto ou mesmo por um período predeterminado.
      Algumas pessoas têm-me perguntado o que acontece se, por alguma razão, eu preciso atender a uma chamada telefônica ou falar com alguém antes de minha leitura ou oração matinal. Minha resposta tem sido que de modo algum isso quebra meu compromisso. Um trabalhador tem o compromisso de estar no emprego todos os dias úteis até uma certa hora. Quando surge uma emergência, ele não diz: “O compromisso foi quebrado, portanto creio que não preciso mais chegar ao trabalho regularmente no horário fixado.” Tampouco uma emergência ou interrupção, que aliás tem ocorrido muito raramente durante anos, vai desobrigar-me do compromisso de ler a Escritura e orar.
      Intimamente ligado a estas duas primeiras prioridades está o diário pessoal. Embora não seja necessariamente um exercício diário, registrar minhas reflexões, preces, idéias e aspirações é

de importância vital para mim.
  • Terceira Prioridade: Tenho o compromisso de jejuar pelo menos uma refeição por semana e, periodicamente, por tempo mais longo. Jesus usa as expressões “quando vocês orarem” “quando vocês derem esmola”, admitindo que seus seguidores orem e dêem esmola. Ele não modifica sua recomendação para “se vocês jejuarem”. Ele diz “quando vocês jejuarem”, admitindo que seus seguidores jejuem. João Wesley não ordenava um ministro que não jejuasse pelo menos duas vezes por semana, e declarava que todos os metodistas deviam jejuar cada semana. Toda a ocasião de reavivamento espiritual envolve também o reavivamento na prática do jejum.
      Jejuar com propósito espiritual dá-me um sentido maior de dependência de Deus em tudo o que diz respeito à vida e ao ministério, uma sensibilidade maior para com o Espírito Santo e a Palavra, e uma conscientização maior da presença e da bênção de Deus em tudo na vida. É também um grande auxílio para enfrentar as tentações da carne e do espírito.
      Em seu livro The Spirit o f the Disciplines (O Espírito das Disciplinas), Dallas Willard escreve: “A disciplina nos ensina rapidamente muito sobre nós mesmos. Ela certamente prova ser humilhante para nós a revelação do quanto nossa paz depende dos prazeres da comida. Ela pode também trazer-nos à mente o modo como usamos o prazer do alimento para amenizar os desconfortos causados em nosso corpo pela forma de vida e atitudes infiéis e insensatas—falta de autovalorização, trabalho inexpressivo, existência sem propósito, ou falta de descanso ou exercício. Se nada mais houver, entretanto, ela por certo demonstra quão poderoso e engenhoso é o nosso corpo em prover seus próprios meios contra nossas decisões mais fortes.”

  • Quarta Prioridade: Procuro ler todos os dias um capítulo de algum livro valioso, além de me dedicar a leituras requeridas usualmente para a preparação de sermões e outros trabalhos da igreja. Procuro livros variados, entre os velhos clássicos e os mais recentes. Raramente leio um best-seller no primeiro ano, mas, se o livro for best-seller no segundo e no terceiro ano, ele provavelmente valerá meu tempo.
      “Fazer escolhas inteligentes a respeito do que ler é um ato de mordomia responsável”, afirma Thomas R. Swears. “Uma norma de procedimento para a tomada de decisões é manter um programa
de leitura equilibrado. Esse equilíbrio ajuda a evitar que o pastor tenha um enfoque muito estreito no uso de idéias para o aconselhamento, ensino ou pregação. As idéias ou imagens que suprem o pensamento e a linguagem de um pastor devem ter bastante diversidade para capacitá-lo a manifestar-se apropriadamente diante de uma ampla variedade de necessidades humanas.”
      Sim, se eu estivesse começando meu ministério de novo, começaria aqui—o aprofundamento da minha própria vida espiritual, tendo como prioridades básicas as disciplinas acima. Gostaria que alguém me tivesse sugerido tal enfoque no início do meu ministério.

“Quem Dizem as Pessoas Que Eu Sou?”

     O inglês Leslie Weatherhead estava certa vez escalado para falar a um grupo de ministros de Manhattan, Nova Iorque. Seu navio atrasou-se por causa da neblina e os ministros tiveram de esperar algumas horas. Quando o Dr. Weatherhead chegou, foi logo dizendo: “Vocês esperaram tanto tempo e eu vim de tão longe para fazer-lhes uma simples pergunta: Vocês conhecem Jesus Cristo?” 
      Num primeiro impacto, esta parece uma pergunta estranha dirigida a um grupo de ministros. No entanto, é por aqui que temos de começar, se pretendemos ministrar em nome de Cristo. Eis aqui o que as pessoas estão esperando conhecer. E aqueles a quem ministramos são capazes de perceber se conhecemos Jesus pessoalmente e se viemos de sua presença.
      A primeira das sete declarações feitas aos pastores no livro de Jeremias é uma queixa: “Os sacerdotes não disseram: ‘Onde está o Senhor?’ e os que tratavam da lei não me conheceram” (Jeremias 2.8). O resultado foi que o povo cometeu dois males: deixaram o Senhor, “o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jeremias. 2.13).

As Primeiras Coisas Primeiro

Antes de se atribuir uma incumbência, deve haver o companheirismo.
Devemos aprender a conhecer Cristo antes de podermos anunciá-lo.
Devemos ter comunhão para que possamos comunicar.
Devemos ser ministrados antes de podermos ministrar.
Devemos ser disciplinados para que possamos disciplinar.
Devemos amar nosso Senhor antes de podermos trabalhar para Ele.
Devemos adorar Cristo antes que possamos adornar sua doutrina.
Devemos ver a glória de Deus antes de podermos falar dela.
Devemos esperar pela visão antes que possamos compartilhá-la.
Devemos aguardar para podermos ensinar.
Devemos adorar antes que possamos realizar um trabalho espiritual.
Devemos buscar a Cristo antes de podermos falar sobre Ele.
Devemos permanecer em Cristo antes de podermos produzir frutos que permanecem.
Devemos praticar a presença de Cristo antes que possamos pregar sobre sua pessoa.
Devemos meditar antes de podermos mediar.
O segredo do serviço eficaz é buscar Cristo em segredo.
Então ouviremos seu sussurro acima das palavras do mundo.
Então ouviremos seu chamado acima dos clamores da multidão.
Então sentiremos seu contato acima do contato da crítica.
Então conheceremos o amor de Deus acima do amor do eu e das coisas.
Então conheceremos o poder de Deus acima do poder do Maligno.
Então ouviremos a mensagem de Deus acima dos murmúrios da mensagem do mundo.
Então veremos o senhorio de Cristo acima de nossa posição, prestígio ou prazer.
Então viveremos uma vida que não pode ser descrita em termos comuns.

A Disciplina para Renovação
        
      Finalmente, nas palavras de Suzanne Johnson, “a questão de se entregar a qualquer prática de disciplina espiritual é a questão da adequabilidade. As disciplinas espirituais autenticam a vida cristã quando implantam em nós a compaixão, sensibilizam-nos para aquilo que Deus está fazendo no mundo, impelem-nos a abraçar o estranho, inspira em nós a sincera afeição por Deus e pelo próximo, cria em nós a capacidade de nos doarmos em amor e leva-nos ao autêntico amor próprio. Se a disciplina espiritual não nos tornar abertos às qualidades de caráter, estaremos provavelmente praticando uma falsa espiritualidade.”
      Estou certo de que muitas frustrações que atingem os pastores decorrem da falta de disciplina.Não somente podem a vida devocional costumeira e o estudo sério da Bíblia ser marginalizados, mas os dias podem ser malbaratados, desfazendo-se em insignificâncias.
      Sem um padrão e disciplina de meditação e oração, estudo, preparação de sermão, visitação e relaxamento físico e mental o ministro pouco realiza e toma-se superficial e moroso. Procuro lembrar-me continuamente de que, quando a Escritura fala sobre a vocação do ministro, compara sua disciplina à inflexível preparação de um atleta (1 Timóteo 4.6-10), ao livre compromisso assumido por um soldado (2 Timóteo 2.1-7), e ao servo de Cristo desenvergonhado e fiel (2 Timóteo 2.14-19).
      “Deus tem favoritos?” perguntou um ministro frustrado a um bispo idoso.
      “Não!” respondeu o bispo. “Mas Ele tem amigos íntimos.”

PREFÁCIO: Se eu começasse meu ministério de novo...

(DRESCHER, John M. Se eu começasse meu Ministério de novo. Traduzido por Rubens Castilho. São Paulo:Editora Cristã Unida, 1997. 99p.)


      Por vários anos, especialmente os pastores mais jovens, e também aqueles que se preparam para o ministério, me incentivaram a escrever Se Eu Começasse Meu Ministério de Novo. Não há dúvida de que este título foi sugerido pelos meus dois livros anteriores, Se Eu Começasse Minha Família de Novo (Editora Cristã Unida) e Se Nós Começássemos Nosso Casamento de Novo (edição brasileira tem o título Começar de Novo, Editora Mundo Cristão).
       O que se segue resultou também de minha própria busca e necessidade. Aqui estão apontamentos sobre o que me parece importante quando me ponho a considerar onde deveria colocar
a ênfase, se tivesse de começar meu ministério de novo. Eles também abordam pontos que eu teria desejado que alguém compartilhasse comigo quando iniciei meu ministério. Talvez eles tenham sido compartilhados numa extensão maior do que imagino agora. Muitas coisas não são aplicáveis até que se chegue a situações relevantes na vida.
       Tenho servido como pastor em três congregações, como bispo ou supervisor de congregações em três diferentes jurisdições, ecomo professor de seminário durante uma década. Atuei também
como editor de uma revista semanal de uma denominação por aproximadamente doze anos. Além disso, tem sido para mim um privilégio falar a centenas de congregações e grupos de ministros
que ultrapassam as linhas denominacionais—católicas e protestantes—e em tais contatos os ministros têm perguntado:“O que você faria se estivesse começando de novo?”
       Por experiência, sei que há fases desfavoráveis no ministério. Depois de vários anos, um ministro pode experimentar uma depressão que chega a pôr à prova seu chamado e compromisso. O entusiasmo de entrar no ministério pode dissipar-se quando não vemos concretizar-se o grande crescimento que esperávamos ou porque não alcançamos nossas metas. Na meia-idade, quando a família deslancha e outras responsabilidades se tomam pesado ônus, o ministro tende a ficar desanimado ou pensa em pastos mais verdes. A meia-idade é uma crise em que buscamos novamente nossa identidade e fazemos perguntas sobre o restante da nossa vida. É um grande momento para tomar um rumo mais reanimador e retomar aos fundamentos.
         William Nelson, em Ministry Formation for Effective Leadership (Formação Ministerial para Liderança Eficaz), leva-nos a retomar a alguns desses fundamentos. “Que impulso motivou sua vocação cristã? Qual é a meta que orienta sua formação para o ministério neste momento? É uma dedicação ao estudo da Bíblia, da história da igreja, ou da teologia cristã, para que se tome um professor mais eficiente? É uma paixão pela reforma da estrutura que controla nossa sociedade, de modo a tomá-la possível para que todas as pessoas se tomem verdadeiramente humanas? E um desejo de edificar o Corpo de Cristo como uma comunidade reconciliadora da fé, objetivando a evangelização do mundo? A capacidade crítica para a auto-reflexão o ajudará a articular as metas que pretende estabelecer para tomar-se um líder pastoral eficaz.”
         As oportunidades e alegrias a mim proporcionadas no ministério cristão foram além das minhas expectativas. É certo que, no curso de todo o trabalho, houve tempos difíceis. Porém o ministério cristão, para mim, foi entremeado de desafios e altamente satisfatório. Nenhum outro ofício abrange todos os níveis da existência, do nascimento até à morte. Nenhum outro trabalho absorve com mais intensidade os profundos sofrimentos e as supremas alegrias da vida. Nenhum outro serviço compartilha mais plenamente os tropeços e os sucessos das pessoas.
        Apesar das fraquezas e falhas da igreja, ela ainda se constitui num grupo que demonstra neste mundo o maior amor, sacrifício e abnegação. E mesmo aqueles que não reconhecem a pessoa de Cristo usufruem as bênçãos e benefícios do espírito e impacto da ação cristã.
          Em face disto, como alguém que já se encontra na quinta década de seu ministério, permito-me expor algumas coisas que resultaram em grandes bênçãos, falar de alguns pontos que deveriam ser fortalecidos, bem como comentar sobre alguns atos ministeriais que eu faria de modo diferente, caso me fosse possível realizá-los de novo.
           O que pretendo apresentar não se propõe a ser uma resposta para cada ministro. Cada um deles deve buscar e apreender o que Deus lhe está dizendo, onde se situa sua própria vocação, como
ela ocorreu. Uma pessoa não pode fazer todas as coisas, por isso cada um deve, sob a direção divina, ser e fazer o que o chamado de Deus lhe impõe, e descobrir os pontos fortes e fracos, procurando, em ambos os casos, a bênção de Deus.