Todas as bênçãos que Deus tem para nós tomam-se realidade pelo Espírito Santo. “E sua força se revela em minha fraqueza.” Muitos de nós são muito fortes para que Deus os utilize. Sempre que sentimos que podemos realizar um trabalho espiritual ou etemo por nós mesmos, o Senhor nos permite tentar. Mas o resultado será apenas humano.
Isto significa que a menor das sementes plantada e regada pelo Espírito pode produzir uma colheita abundante, ao passo que a ação ou palavra motivada pelo eu permanece estagnada e inútil no que se refere à obra espiritual. Deus não exige sucesso, mas fidelidade.
John Milton, frustrado por sua cegueira, chegou a crer que:
Deus não precisa.
Nem dos trabalhos do homem nem de seus próprios talentos.
São os que melhor
Carregam seu suave jugo os que o servem melhor.
Significa isto também que não devemos achar que somos um sucesso ou um fracasso simplesmente por acharmos o quão habilidoso ou inadequado um serviço ou sermão parece ter sido. Aprendi que não foram os sermões que me pareceram melhores os que Deus usou. Foram freqüentemente os sermões e os serviços que considerei inadequados ou mesmo fracassos que Deus escolheu e usou como bênçãos.
Isto, naturalmente, não quer dizer que não devamos fazer o melhor possível na preparação e apresentação de nossa mensagem. O que isto quer dizer é que não fazemos o trabalho de Deus apenas com recursos humanos, mas quando reconhecemos que “tudo é vão, exceto o Espírito”, isto é, a menos que o Espírito Santo transmita energia à nossa mensagem ou serviço com poder e convicção.
O Evangelho Tem Poder
Prestamos mais atenção à voz interior que emana da oração e da solidão.
Concordo com Henri Nouwen, em Making Ali Things New (Fazendo Novas Todas as Coisas): “Quanto mais nos exercitamos dedicando tempo a Deus e a sós, mais descobrimos que Deus
está conosco em todos os momentos e em todos os lugares.” Embora alguns possam achar que isto não é verdade, para mim, obedecer à voz interior para visitar alguém, para dizer uma palavra de conforto ou admoestação, para fazer um contato tem provado ser a direção do Espírito Santo.
Recordo-me bem de um impulso que tive de visitar um homem a uma boa distância da igreja. Eu não o conhecia muito bem. Fiquei hesitante. Mas, obedecendo à voz interior, encontrei-o já
de volta do trabalho e mexendo no seu pequeno jardim. Encontrei-o pronto também para aceitar Cristo. Ele instou comigo para que falasse com sua esposa e, mais tarde, ela também conheceu Jesus, sendo ambos batizados juntos.
Ouvir a voz interior para mudar uma ilustração num sermão ou até mesmo uma mensagem inteira, tem provado a direção do Espírito Santo, Aquele que conhece a necessidade de cada pessoa presente. E embora alguma palavra ou ilustração tenha sido usada pelo Senhor num lugar, não quer dizer automaticamente que Ele a use em outro lugar. Isto requer completa e constante dependência da orientação do Espírito Santo.
Não Meramente Intelectual
Cometemos um grande equívoco quando imaginamos que a verdade espiritual pode ser compreendida por meios intelectuais ou racionais. É um engano acreditar que o estudo da Bíblia por si pode remover o véu que impede a nossa percepção espiritual. A Escritura não diz: “Ninguém conhece as coisas de Deus, exceto aquele que estuda a Bíblia.” Ela diz que “as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus” (1 Coríntios 2.11).
É possível crescer na igreja, conhecer toda a doutrina, ser fanaticamente fiel e, mesmo assim, não conhecer absolutamente Deus ou compreender a verdade espiritual. Admitamos que somos espiritualmente cegos para as coisas de Deus sem a iluminação do Espírito Santo. “Quem não tem o Espírito de Deus não pode receber os dons que vêm do próprio Espírito de Deus, e de fato nem pode entendê-los. ... porque o seu sentido só pode ser entendido de modo espiritual” (1 Coríntios 2.14, BLH).
Grandes pessoas, fortes em poder intelectual, emocional e volitivo, são sempre atuais. Mas não é a correta psicologia, oratória, lógica superior, personalidade dinâmica ou força de vontade que converte pessoas à verdade. “O mundo não o conheceu [Deus] por sua própria sabedoria” (1 Coríntios 1.21). Paulo diz: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder” (1 Coríntios 2.4). A cultura da alma ou o poder intelectual não podem abrir os olhos espirituais.
“Se você pretende racionalizar o Cristianismo, algum indivíduo instruído pode contra-argumentar e confundi-lo! Porém, quando o Espírito Santo lhe traz a iluminação interior, ninguém poderá confundi-lo” (A. W. Tozer).
A Causa do Vazio
A causa capital do vazio em muito sermão, aula da escola dominical ou estudo bíblico não é a ausência de fatos ou verdades corretas. É porque não há mais do que uma discussão intelectual de um ponto de vista racional. Daí o vazio, ou seja, a falta de iluminação espiritual. Naturalmente, deve haver conhecimento dos fatos. É por isso que a Bíblia ressalta nossa necessidade de conhecer. Porém, enquanto não houver a iluminação do Espírito Santo, nada acontece. Muitos podem testificar que, depois de anos na igreja ouvindo muitos sermões e assistindo a aulas bíblicas, de repente são tocados pelo amor, por um anseio e uma compreensão de Cristo e de sua Palavra que não podem ser apreendidos sem a ação do Espírito Santo.
Sou contra a disciplina da mente? Não, mas, antes de progredirmos espiritualmente, temos necessidade de admitir que não podemos, por nosso próprio intelecto, entender as coisas espirituais. Nenhuma quantidade de raciocínio intelectual poderia ter persuadido Paulo de que Cristo era o Salvador do mundo. Nenhuma quantidade de persuasão intelectual teria levado Pedro à convicção de toda a realidade: “A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (Atos 2.36). Ele conheceu isto somente pelo Espírito de Deus. E sem o Espírito podemos continuar repetindo as histórias e fatos do Evangelho, mesmo de forma dramática e erudita, e no entanto deixar os corações vazios de refrigério, discernimento e força espirituais.
Tem-se a forte sensação de que muito do que é chamado hoje de irrelevante na pregação e no ensino não é a pobreza da pregação e do ensino. O que faz a mensagem oca é a ausência do Espírito Santo para dar-lhe vida e significado. Por quê?_Porque pensamos que, de alguma maneira, podemos fazer por nós mesmos um trabalho espiritual, porque não oramos pedindo a iluminação do Espírito Santo, porque não reconhecemos nossa necessidade do Espírito Santo nem ambicionamos sua obra. Assim sendo, Deus está impossibilitado de conceder-nos dons e uma bênção de iluminação espiritual. Deus não pode guiar-nos em toda a verdade porque não desejamos e não procuramos a direção do Espírito.
Deus seja louvado porque pessoas de todas as idades estão ficando cansadas do que a carne pode fazer, e porque não estão satisfeitas com a superficialidade do raciocínio e intelecto humanos! E, com a graça de Deus, muitos, confessando sua própria inadequação e abrindo-se para o Espírito Santo, têm encontrado nova liberdade e poder de vida e testemunho. Quando isto acontece, Cristo toma-se precioso e seu poder se manifesta. São muito mais significativas algumas poucas e simples palavras de um crente que conhece o toque do Espírito do que palavras majestosas daquele que sente que sua própria sabedoria ou poder pode realizar a obra espiritual. Cremos realmente no ditado que diz que “tudo é vão, exceto o Espírito” que realiza a obra e dá testemunho de Deus?
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