terça-feira, 1 de maio de 2018

CAPÍTULO 3: ... Eu procuraria tornar meu ministério mais Centralizado em Cristo

(DRESCHER, John M. Se eu começasse meu Ministério de novo. Traduzido por Rubens Castilho. São Paulo:Editora Cristã Unida, 1997. 99p.)

            É muito fácil tomar-se o centro da discussão ou o centro do problema. E igualmente fácil ser envolvido por todos os tipos de pergunta, sem jamais chegar a Cristo, que é a resposta.
            A Escritura deve levar-nos a Cristo. Precisamos esforçar-nos, em toda a nossa pregação, para fazer o mesmo. “Ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo” (1 Coríntios 3.11). Paulo escreve também: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gálatas 6.14).
             Precisamos fazer tudo o que estiver em nossa capacidade para ajudar as pessoas a verem, ouvirem e responderem a Jesus Cristo na conversão, na consagração e no serviço. Não seremos seus
discípulos enquanto não o seguirmos completamente e enquanto não ajudarmos outros a se tomarem seus discípulos.
                 Isto significa preliminarmente reconciliação com Deus através da encarnação, da cruz e da ressurreição de Cristo. Significa conduzir as pessoas à graça salvadora de Cristo e viver para Ele e testemunhá-lo em todos os lugares e situações. Significa levar as pessoas em submissão ao Espírito Santo, que anela revelar-nos Cristo, revelá-lo em nós e revelá-lo por nosso intermédio.
                 Há muitos anos um missionário confidenciou-me ter descoberto que, toda vez que a morte e a ressurreição de Cristo eram pregadas, o Espírito de Deus se punha ativo para trazer salvação às pessoas. O Evangelho é “o poder de Deus para todo aquele que crê”. Não nos surpreende que Paulo tenha escrito: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 6.14). Quando pregamos Cristo, em sua obra de salvação consumada, a energia do Espírito Santo é liberada e vidas se transformam, libertadas da antiga vida, dos hábitos pecaminosos e das algemas do pecado. Há sermões interessantes.Porém o poder de transformar vidas está ausente quando Cristo e sua cruz estão ausentes.
                  Uma parte considerável do problema é que pregamos e ensinamos os efeitos do Evangelho e não o próprio Evangelho. Por isso, o Espírito Santo não pode usar nossa mensagem para
convencer e converter as pessoas. Tomar alguém a cruz e seguir a Cristo é claramente entendido somente depois que esse alguém foi salvo pela cruz.
                   Nels Ferre tomou-se um teólogo muito conhecido nos Estados Unidos. Ferrer nasceu na Suécia e, com treze anos de idade, deixou seu lar e veio para a América. Sua partida foi inesquecível.
Naquela manhã a família tinha orado. Cada um dos oito filhos orou. Quando terminaram, dirigiram-se juntos até à estação de trem. Ferre narrou a despedida: “Pude ver minha mãe com sua boca formando palavras, mas sem em itir qualquer som. Finalmente, o condutor acionou o apito e o trem começou a mover-se. Mamãe correu alguns metros ao longo da plataforma e, finalmente, dominando sua emoção pelo trauma daquele difícil momento, as últimas palavras que a ouvi dizer foram: “Nels,
lembre-se de Jesus.”
                   Escrevendo ao pregador Timóteo Paulo diz: “Lembra-te de Jesus Cristo” (2 Timóteo 2.8).


O Cristianismo é Cristo


                Pregação cristã é pregar Cristo. Muita pregação é sobre Cristo. Se eu estivesse começando meu ministério de novo, tomaria a decisão de pregar Cristo em todos os sermões.
                 Pregar Cristo deve incluir pelo menos cinco áreas específicas. Primeiro, eu o apresentaria como uma presença viva, como alguém distinto da figura histórica do passado. Jesus está vivo. Ele ergueu-se dentre os mortos como Salvador e Senhor glorificado. Esta é a razão por que a ressurreição de Cristo é tão central. Assim, eu lembraria aos meus ouvintes que Cristo está presente na assembléia dos crentes. “Ide e pregai”, disse Jesus, “e eu estarei convosco sempre” (Mateus 28.20).
                   Pregar Cristo significa também que eu procuraria apresentar-me como embaixador dele, trazendo a mensagem do Senhor vivo. Eu transmito suas idéias, suas palavras e sua mensagem, não as minhas próprias. Quer isto dizer que eu apresentaria a reivindicação de Cristo sobre meus ouvintes: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1.29).
                    Pregar Cristo também significa apresentá-lo como Aquele que nos liberta agora do poder do pecado. Um libertador que precisa ser crido, como escreveu Oswald Chambers: “A submissão a Jesus rompe qualquer forma de cativeiro em qualquer vida humana.” É até mesmo possível testificar a obra de Cristo em nossa vida de tal maneira que nos seja possível apontar para nós mesmos, em vez de para Cristo.
                 Pregar Cristo significa pregar seus ensinos. Se Jesus é Senhor e Mestre, então a mensagem do mestre é para nós. É a mensagem que devemos também proclamar. E essa mensagem, encontrada nos Evangelhos, não fala apenas de nossas crenças, mas também de nossa conduta.
                 E. Stanley Jones, em The Christ o f the Mount (O Cristo do Monte), escreve palavras dolorosas, mas poderosas e muito necessárias. Como o Credo dos Apóstolos se encontra agora, você
pode aceitar cada uma de suas palavras e deixar o eu essencial intocável.... Mantemos guardado a chave este ideal de Cristo [o Sermão do Monte] em altas torres, com reverência e respeito. Saímos para lutar a batalha da vida de nossa própria maneira, com nossos próprios princípios, ou sem eles—para nosso próprio desastre.”
                Mas, para sermos fiéis, ousamos não trancar os ensinos de Jesus em alguma torre de marfim ou relegá-los a uma época futura, quando os inimigos ou outros adversários, com os quais temos de nos haver por meios cristãos, estiverem ausentes. Pregar Cristo é pregar e ensinar as verdades centrais e eternas que Ele deu especificamente aos seus discípulos.


Cuidado com Culto da Sua Personalidade

                Para pregar Cristo ainda mais, eu procuraria convidar e atrair as pessoas a Ele, não a mim, não a certa herança, ou outra doutrina unificadora, ou a uma “verdade única”.
                Em Signs o f Hope (Sinais de Esperança), Eldon Trueblood discute o surgimento dos cultos da personalidade. Ele aponta para certos perigos e nos adverte particularmente do maior de todos os perigos.
                “Este é o perigo que ocorre tão facilmente em relação com indivíduos de personalidade forte e atraente. Alguns dos que poderiam tomar-se esplêndidos movimentos no mundo moderno
são seriam ente arruinados pela presunção dos líderes e organizadores de receber adulação dos seus seguidores. O culto da personalidade é sempre ruim. Um teste infalível de que um movimento se transforma em culto está na presença ou ausência de discípulos do líder do grupo. Se um homem estimula ou mesmo permite a presença de discípulos, ele é sempre suspeito. Apenas Um que aqui viveu foi suficientemente bom para ter discípulos. Mais líderes religiosos são prejudicados pela bajulação de admiradores do que por outro fator isolado. A cura real exige duplo cuidado: uma devoção tão genuína a Cristo que o líder se veja em sua própria dimensão, e um prazenteiro senso de humor.”
                 O que acima foi exposto poderia ser escrito a respeito de qualquer líder religioso, como professor ou pregador. O perigo é ainda mais pronunciado numa época em que a propaganda é voltada para as celebridades do mercado, de tal modo que os fãs podem ser convencidos a continuar preferindo ainda mais a mercadoria. Quando alguém procura unir as pessoas em tomo de si mesmo, em vez de em tomo de Cristo, estamos diante de um culto. A tendência pode também aplicar-se a denominações. Quando o esforço é unir as pessoas em tomo de uma herança comum ou uma doutrina peculiar, em lugar de fazê-lo em tomo de Cristo, temos também um culto. Eu pregaria e ensinaria com toda a franqueza a singularidade e exclusividade de Cristo para a salvação e consagração a Ele como Senhor de tudo na vida. Isto significa crer que não há outro nome dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.
                Se aprendi uma coisa de um estudo cuidadoso dos grandes avivamentos espirituais do passado, é que Cristo é apresentado e a unidade em torno dele ofusca toda outra diferença ou doutrina e prática peculiares.
                  Ou cremos na única mensagem do Evangelho de Cristo ou não cremos. De minha parte quero dizer: “Estou firmado em Cristo, a sólida rocha—qualquer outro terreno é areia movediça.” Se eu estivesse começando meu ministério de novo, procuraria afirmar a centralidade de Jesus Cristo para salvação e seu senhorio em tudo na vida. Sem isto não há Boas Novas a proclamar.

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