(DRESCHER, John M. Se eu começasse meu Ministério de novo. Traduzido por Rubens Castilho. São Paulo:Editora Cristã Unida, 1997. 99p.)
Uma das maiores responsabilidades e tarefas essenciais de um pastor é equipar e capacitar cada membro para o ministério. Cada cristão recebeu um dom. Cada um deve ser estimulado por
todos os meios a usar esse dom no trabalho do reino. Um pastor que não esteja capacitando os membros para o ministério toma-se finalmente um fracasso, não importando quão grande ele possa
ser como pregador, organizador ou empreendedor de programas da igreja.
Efésios 4.12-16 é uma passagem que realça esta função básica de um líder espiritual. Ela visa o “aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro, e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.”
Esta bonita passagem dá uma clara orientação com vistas ao objetivo final de toda nossa pregação, ensino e serviço. Todo nosso trabalho é equipar cada membro para não somente crescer conforme a semelhança de Cristo e ter discernimento espiritual, mas para preencher o lugar de cada pessoa na edificação da unidade, crescimento e amor no Corpo de Cristo. Nossa tarefa é incentivar, edificar e capacitar cada membro do Corpo de Cristo, de sorte que cada um sinta a significação do chamado de Cristo e assuma a responsabilidade de utilizar seu dom para a edificação do seu Corpo.
O Teste Final
Eis aqui uma espécie de teste final da efetividade de um ministério. Alguns formaram muitos adeptos por meio da sua eloqüência e personalidade dinâmica ou habilidade de se expresssar. Grandes congregações cresceram durante uma geração em tomo desses líderes. Contudo, o teste ocorre quando essas fortes personalidades saem de cena. O teste consiste em saber se eles foram os equipadores de outrem para o ministério. Muitas vezes tais líderes tiveram apenas um cortejo de admiradores, mas não formaram um corpo de crentes que ministram realizando o trabalho de Cristo no mundo.
Lembro-me de um destacado pregador de uma prestigiosa congregação que lamentava precisamente este fato. Ele afirmou que a congregação fora edificada em tomo de um bem conhecido
pregador. Após o falecimento desse pregador, a congregação procurou outro ministro que pudesse comandar o mesmo tipo de ouvintes. Agora ele era um nessa sucessão de ministros. Seu desapontamento era que a congregação, através dos anos, foi um ajuntamento de sentadores e não de servidores. O povo gostava de ouvir, mas nunca aprendeu a trabalhar para o Senhor. A congregação era um grupo de indivíduos que se divertiam num teatro, e não um corpo, bem estruturado, equipado e trabalhando junto para sua própria edificação em amor.
Como muitos ministros, comecei supondo que o trabalho da igreja era minha responsabilidade. Mas, que desafio e alívio tive quando percebi que meu chamado era para equipar cada crente a viver a vida de Cristo e a fazer o trabalho de Cristo no mundo, exatamente onde cada um vivia! Hoje eu preferiria ser o pastor de uma dúzia de pessoas que estão sendo equipadas e ativas em todos os tipos de serviço do que ser o pastor de mil pessoas que enchem os bancos da igreja, mas que têm pouca idéia do que significa funcionar como Corpo de Cristo. Pelo menos Cristo deve ter pensado que este era o meio de realizar esse trabalho. Ele é nosso exemplo e mostra o meio de disciplinar pessoas para o ministério.
A Grande Comissão
Na Grande Comissão (Mateus 28.18-20), a ordem é fazer discípulos. Os outros três verbos “ir”, “batizar” e “ensinar” são para o treinamento do ministério. Alguns observadores disseram que o declínio da igreja na Europa Ocidental era devido à falta de treinamento através dos anos. A igreja norte-americana está indo atualmente na mesma direção.
Em The Disciple-M aking Pastor (O Pastor Fazedor de Discípulos), o melhor livro recente sobre o discipulado de pessoas de que estou informado, Bill Hull afirma que não muita coisa mudará para melhor na igreja até que os pastores comecem a treinar discípulos, como Jesus fazia. Enquanto as congregações permitirem que os pastores dediquem seu tempo treinando a minoria espiritualmente bem, em lugar de se preocupar com a maioria de desmotivados e desobedientes, as pessoas não viverão e servirão como Cristo espera.
Se eu estivesse começando meu ministério de novo, eu dedicaria preparação, tempo e atenção individualizada para discipular pessoas que, por sua vez, discipulassem outras.
Um inadequado ministério de discipulado é evidente quando é difícil encontrar pessoas que ocupem posições para ensinar e servir na congregação, quando os grupos de estudos bíblicos e de oração param de crescer, quando as contribuições declinam, quando não há séria preocupação com os não freqüentadores da igreja e as missões mundiais, e quando uma congregação não produz ministros e líderes espirituais equivalentes à sua própria necessidade, e além dela.
No centro da liderança pastoral está um discipulado leigo com dons espirituais discernidos, desenvolvidos e estendidos. Se este tipo de discipulado não está acontecendo, eu consideraria o recomeço de meu ministério.
A certa altura de meu ministério, planejei um curso de discipulado e convidei toda e qualquer pessoa a juntar-se a mim num prolongado período de estudo e experiência prática. Eu queria
iniciar somente com aqueles que tivessem o real anseio de participar dessa espécie de curso. Entretanto, somente umas poucas pessoas manifestaram interesse. Diante disto, a idéia foi descartada.
Percebo agora que Jesus selecionou e chamou certas pessoas para integrarem um programa de treinamento, após oração e jejum. Portanto, se eu estivesse começando meu ministério de novo, eu proporia um curso e escolheria e chamaria dez ou doze pessoas da congregação, convidando-as a associar-se a mim neste extenso e sério curso de discipulado. Um dos objetivos de tal estudo seria o de que, uma vez terminado o curso, os novos discípulos de Jesus se tomassem professores de outro grupo. Desta forma, o discipulado poderia expandir-se grandemente no Corpo de Cristo.
Aparentemente, a escola dominical, a pregação e outros programas congregacionais não estão realizando o trabalho de discipular as pessoas. Um caminho melhor deve ser encontrado.É impossível melhorar o método de Jesus, e se eu estivesse começando meu ministério de novo, faria desse modelo de discipulado a principal responsabilidade de meu ministério.
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