segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Capítulo 5: O Objetivo da Lição

 (PEARLMAN, Myer. Ensinando com êxito na Escola Bíblica Dominical. Traduzido por Rejane Caldas. São Paulo: Editora Vida, 1995. 92 p.)


Depois que o professor tiver uma compreensão clara do assunto da lição, deverá determinar o objetivo particular da aula. Isto quer dizer que ele deve perguntar a si mesmo: "Que resultado espiritual devo conseguir com esta lição na vida dos alunos?"
Se compararmos o processo de escolha do tema da lição com uma viagem, diremos que preparar a bagagem representa dominar a matéria da lição; escolher a rota e modo de transporte corresponde a escolher o método de ensino; e determinar o destino e as atividades depois de chegar, representa o objetivo, ou propósito da lição. Uma aula de Escola Dominical é uma viagem com um propósito definido, e tem que ser planejada cuidadosamente. O professor que não traça uma trajetória definida, em geral não chega a lugar nenhum.
É comum o professor falar muito a respeito da lição sem alcançar um objetivo. Estamos todos familiarizados com o ensino exemplificado pela ilustração de Clarence H. Benson:
O professor: João da Silva, leia o primeiro versículo.
João da Silva lê: E depois de todos morreu também a mulher. Na ressurreição pois, de qual dos sete será aquela mulher?
O professor: Há alguém de vocês que possa dizer o que significa isso?
José de Souza: Ser bom.
O professor: Isso mesmo. José, leia o próximo versículo.
Benson pergunta: Quanto tempo duraria uma escola secular se fosse dotada de professores deste tipo?
O método usado nesse exemplo não produz um ensino verdadeiro; apenas vai esbarrando em tantos ensinamentos quantos versículos há no texto da lição. O resultado é que o aluno sai com a vaga lembrança de uma ou duas dezenas de fatos sem relação alguma entre si, em vez de levar incrustrada na mente — como um diamante num anel — uma lição proveitosa, estimulante, uma verdade evangélica.
Alguém perguntará: "A lição é tudo que devemos dar ao aluno durante os 45 minutos de duração da aula?" O fato é que tudo que alguém pode compartilhar, de modo eficaz, é uma lição.
Certo especialista crê que um professor pode dissertar somente acerca de um ponto, em uma aula de uma hora. Por exemplo, que aconteceria se um indivíduo tentasse ver toda a cidade de São Paulo em um dia? Veria tanta coisa que não veria a cidade, ao contrário do que parece. Seria melhor que ele se concentrasse em um assunto, e fizesse planos de passar o dia visitando, digamos, as igrejas ou universidades mais famosas.
Um perito em Escola Dominical disse: "É melhor ensinar uma verdade de 12 maneiras diferentes, ou vê-la de 12 pontos de vista, do que tentar ensinar 3 ou 4 verdades em uma lição."
É impraticável tentar ensinar muitas verdades em uma única lição. O carpinteiro ao fazer uma junção fixa-a com uns poucos pregos. Fará que os pregos atravessem as peças e lhes vergará as pontas. Ele sabe muito bem que muitos^ pregos racham a madeira e põem a perder ajunção. É claro que isto não quer dizer que se deva consumir os 45 minutos falando de um tema, sem variações, ou eliminando detalhes interessantes e incidentais. Quero dizer que o tema principal da lição será como o Sol, ao redor do qual se movem todos os pensamentos subalternos, como os planetas. Quando os invasores europeus se defendiam dos ataques dos índios, na época da colonização da América, os soldados recebiam ordem de prender ou matar o cacique ou chefe; sabiam que capturar o chefe era como capturar a tribo inteira. Da mesma forma a tarefa do professor e da aula é perseguir o objetivo da lição. Este é o seu trabalho, como professor. Naturalmente isto nos leva à seguinte pergunta:
COMO DETERMINAR O OBJETIVO DA LIÇÃO?
1. Estudando minuciosamente o texto da lição
Por exemplo, se a lição encontra-se em João 15, o professor provavelmente decidirá: "Tenho que gravar nos corações e mentes de meus alunos a necessidade imperativa de estar em contato perfeito com Cristo através da oração e da leitura da Palavra."
Se a lição encontra-se em Mateus 6:5-15, talvez o professor dirá a si mesmo: "Minha tarefa principal durante estes 45 minutos será inspirar em meus alunos um desejo intenso de pegar suas Bíblias e procurar um lugar onde podem estar a sós com Deus."
Mas suponhamos que a lição não seja prática, mas de caráter descritivo, e se destina a servir de introdução à série de lições para o trimestre. Por exemplo: uma lição que descreve a infância e educação do apóstolo Paulo. O professor talvez diga a si mesmo: "Esta é a primeira lição da série acerca da vida de Paulo. Tenho de dar aos alunos uma idéia clara e vivida da vida, lar e educação de um rapaz judeu naqueles dias, e então mostrar-lhes que Deus preparava Paulo para seu trabalho futuro."
Assim vemos que o propósito principal do texto da lição é o de prover a maneira de imprimir uma verdade preeminente aos corações e mentes dos alunos. "A lição é um veículo para levar a mensagem — escreve Marion Lawrence. — A lição é um vasilhame; a mensagem é o azeite. A lição é o trem; a mensagem é a carga. O aluno deixará para trás a lição mas levará consigo a mensagem. Somente a mensagem é que pode transformar vidas. Quantas vezes ouvimos homens e mulheres na igreja dizerem que não se lembram de nenhum fato ensinado por seus professores na Escola Dominical; mas sem dúvida se recordam do efeito de seu ensino em suas vidas."
2. As necessidades dos alunos determinarão o objetivo da lição
É trabalho do professor conhecer os alunos de sua classe: suas fraquezas e tentações; o que os entusiasma; seus interesses; e as condições de seu lar e escola pública. Colocando este conhecimento prático e a matéria da lição lado a lado, o professor será capaz de traçar o objetivo da lição para o próximo domingo.

Philip Howard, em seu livro acerca das ferramentas do professor, faz umas sugestões valiosas neste particular: "Há várias maneiras pelas quais você pode estudar os alunos de sua classe para averiguar seus interesses, suas características, e o caminho direto para a alma e mente de cada um. Interesse-se pelo lar de onde vêm, como são seus pais, que tipo de quadros ou retratos há nas paredes, as revistas sobre as mesas, os livros que a família lê, a ordem ou desordem da casa. Fale com cada aluno de sua classe, individualmente, acerca dos livros e jogos de que ele mais gosta, seu trabalho, planos quanto à escola, seu lar, suas atividades e os planos para sua vida. Inteire-se de quem são os amigos íntimos do aluno. Retenha em sua memória ou anote alguma inclinação moral que se manifeste em conversas na classe ou fora dela. Talvez ouça alguém de sua classe dizer que a mentira às vezes é "um mal necessário". Pode ser que não seja possível dialogar neste momento, mas você já tem um reflexo de seu caráter e sabe de que deve tratar. Estude os rostos. Note sinais triviais de mau humor, de suspeita, de pensamentos frívolos e baixos e anote com igual cuidado os bons modos, o bom humor e o olhar franco e aberto."

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