(PEARLMAN, Myer. Ensinando com êxito na Escola Bíblica Dominical. Traduzido por Rejane Caldas. São Paulo: Editora Vida, 1995. 92 p.)
Diz-se
que 85% de nossos conhecimentos são adquiridos mediante a visão. "Ver uma
coisa vale cem vezes mais do que ouvir sobre ela", diz um provérbio
japonês. Não há dúvida de que uma das formas mais impressionantes e eficazes de
ensino é levar a verdade à mente e ao coração através dos olhos. Objetos,
desenhos e fotografias proveem uma linguagem simples para adultos e crianças.
Captam a atenção, retêm o interesse e esclarecem os problemas. Por isso, o
ensino mediante os olhos é um meio importante de compartilhar verdades
espirituais, especialmente às crianças. Há muitas maneiras de ensinar as
verdades bíblicas mediante a visão. Vamos considerar as seguintes:
1.
O quadro-negro
2.
Os objetos
O USO DO QUADRO-NEGRO
A
experiência seguinte talvez seja partilhada por muitos professores: "Eu
tinha que suportar domingo após domingo um grupo de crianças sem nenhum
interesse pelo que eu tentava ensinar-lhes. As crianças se aborreciam. Parecia
que a única maneira de estarem despertas era incomodando sem cessar, rindo sem
motivo ou passando bilhetes entre si. Um ano inteiro passei por este tormento.
Os domingos chegaram a ser dias de terror imenso. Não importava o que eu
tentasse usar, os jogos, recursos: eu não conseguia despertar nas crianças
nenhum interesse pelas histórias da Bíblia. Foi quase sem querer que passei a
fazer desenhos simples num quadro-negro. Desenhos péssimos, especialmente a
princípio. Eu desenhava com pressa, enquanto falava à classe. Enchia o
quadro-negro de riscos que eu chamava de montanhas, árvores ou pessoas, e
apontava flechas, enquanto ministrava a lição. E as crianças passaram a interessar-se
tremendamente pelas lições!"
Outro
professor se queixava: "Eu não conseguia captar a atenção daqueles
garotos. O superintendente da Escola Dominical me aconselhou a tentar o uso de
um quadro-negro e giz na aula. "Após ter posto em prática o conselho, o
professor manifestou seu entusiasmo: "Não tive mais a mínima dificuldade
em obter a atenção deles e sei agora que devo usar esta técnica sempre".
Poderíamos
citar mais algumas experiências, mas já dissemos o suficiente para provar que o
quadro-negro é de grande valia para o professor.
Como
usar o quadro-negro? Escreveremos uma série de esboços ou desenharemos algo bem
bonito, antes que os alunos cheguem à classe? Não. Isto produz resultados
exatamente opostos aos esperados, por duas razões:
Primeira,
os alunos ficariam tão ocupados esquadrinhando a obra artística, ou lendo, que
prestariam pouca atenção às palavras do professor.
Segunda,
tal preparação elimina os elementos da novidade e surpresa, tão necessários
para estimular a curiosidade.
O
uso do quadro-negro deve ser livre e espontâneo, para ajudar o professor a
ilustrar as verdades de que fala. Por exemplo, a lição é a história do encontro
de Jesus com a samaritana. O professor lê: "Elhe era necessário passar por
Samaria." Dirige-se ao quadro-negro e, falando devagar, diz: "Os
judeus tinham tanto preconceito contra os samaritanos (ao mesmo tempo faz um
desenho da Palestina, marcando a Judéia, Samaria e Galiléia) por causa de
antigas contendas, que nenhum judeu passava por Samaria (mostra-a); mas
passavam por fora (mostra). Porém, Jesus não tinha preconceito nenhum; tratava
todas as pessoas da mesma forma. Portanto, saiu de Jerusalém (mostra-a), e
passou pela terra (mostra-a) que os judeus consideravam imunda."
Note
o valor disto para a compreensão da lição. O aluno esteve ouvindo e vendo e
vivendo a verdade. O fato de o professor ilustrar para os olhos enquanto fala
estimula a curiosidade do aluno. As novidades ficam pululando diante do nariz
dele o tempo todo.
Suponhamos
que o professor esteja pronto para fazer uma sinopse breve e atrativa. Ele diz
à classe: "Rapazes, aquele fazendeiro rico de que Jesus falou (Lucas
12:13-22) cometeu três grandes erros que eu gostaria que vocês evitassem.
Olhem! Vou escrevê-los no quadro-negro." E os alunos observam o professor
que escreve no quadro-negro:
1.
Confundiu-se a si mesmo com Deus.
2.
Confundiu seu corpo com sua alma.
3.
Confundiu o tempo com a eternidade.
É
provável que a classe se lembre mais da lição, e a ela dedique maior interesse,
por causa do quadro sinótico. Os frutos seriam escassos, se o professor somente
houvesse narrado a história. Também é mais fácil para você reter a atenção dos
alunos, enquanto vai ampliando os três ou quatro pontos de sua lição. Vá
escrevendo as palavras-chaves no quadro-negro. Na verdade, desenhar num
quadro-negro é tão eficaz para criar interesse, que um escritor de fama disse
que uma pessoa conseguiria manter a atenção de um auditório se apenas se
acercasse de um quadro-negro, e ficasse parado ali, com o giz na mão, enquanto
fosse falando.
Ensinemos
outra forma de usar o quadro-negro. O professor lê: "Achou no templo os
que vendiam bois, ovelhas e pombas, e os cambistas assentados. Tendo feito um
chicote de cordas, lançou a todos fora do templo, bem como os bois e as
ovelhas; espalhou o dinheiro dos cambistas, derrubou as mesas."
"Jovens
— diz o professor —, tomemos um avião, o Aerobus da Terra Santa e visitemos o
templo de Jerusalém. Imaginem um edifício imenso, de cerca de 30 metros de
altura, tendo uns 800 metros quadrados de área. É feito de pedras brancas, e
dotado de portas de bronze polido com cerca de vinte metros de altura. Imagine
algumas portas recobertas de ouro e pedras preciosas, e o sol brilhando sobre
aquele edifício situado no pico de um monte. Que vista maravilhosa! Façamos uma
planta do templo para que possamos conhecer o lugar onde Jesus encontrou os
comerciantes que profanavam o templo santo.
"Aqui
estão os limites do templo (Desenhe um quadrado grande). Vamos dividir os
diferentes átrios. Esta linha que estou traçando indica o átrio dos gentios.
Eles não podiam passar além destes limites. Neste espaço aqui (trace outra
linha) fica o átrio das mulheres. Era-lhes proibido ir além. Aqui está o átrio
de Israel para os homens; e aqui (desenhando ainda) fica o átrio dos
sacerdotes. E aqui está o grande altar do sacrifício. Meninos, foi neste lugar
(fazendo uma cruz), no átrio dos gentios, que cambistas e comerciantes
negociavam. A profanação das coisas santas é pecado."
O
quadro-negro pode ser útil para ensinar palavras novas ou difíceis à classe.
Por exemplo: "Creio que todos nós sabemos o que quer dizer 'renascido'. Há
uma palavra um tanto extensa, que se usa para descrever este milagre (o
professor acerca-se do quadro-negro). Vocês vão ouvi-la da boca de algum
pregador, ou a lerão em algum livro. Quero que se lembrem bem dessa palavra.
Aqui está: Regeneração."
Demos
apenas uns poucos exemplos do que se pode fazer; na realidade, não há limite
para o que se pode conseguir com um quadro-negro.
Quantas
vezes deve ser usado o quadro-negro? Com a maior frequência que for possível,
porque quanto mais se permite aos alunos "ver" a lição, tanto maior
será seu interesse e mais bem gravada ficará a lição em suas mentes.
Um
testemunho interessante — "opinião de aluno" — a respeito do valor do
quadro-negro chegou até nós, da parte de alguém bem familiarizado com o
trabalho da Escola Dominical. Disse o jovem: "Esqueci-me do que o
superintendente disse a respeito da lição. Mas nunca me esquecerei da oração
que li no quadro-negro."
O USO DE OBJETOS
Os
objetos têm um valor imenso no ensino:
Primeiro,
apelam aos sentidos, estimulando o interesse.
Segundo,
têm um grande valor educativo, pois tornam mais real o tema que a classe está
estudando.
Há
dois tipos de objetos: os que são usados por terem valor prático, e os que
apenas simbolizam ou sugerem uma realidade espiritual.
Os
seguintes são exemplos de objetos simbólicos:
1.
O professor quer ensinar à classe a importância da união. Leva um pacote de
ripas amarradas em feixe. Guarda o feixe cuidadosamente até o momento de usá-lo
(uma precaução prudente, para não provocar atenção indevida). Declarando que a
união faz a força, ele mostra o feixe de ripas e pede a um aluno que tente
quebrá-lo ao meio. Um voluntário se apresenta. Tenta partir o feixe firmando-o
nos joelhos, mas não consegue. Esforça-se duramente e nada. Então o professor
lhe tira das mãos o feixe de ripas, corta a corda que as liga e pede ao aluno
que as quebre uma a uma. O aluno cumpre a tarefa facilmente. Tal ilustração
fala por si só.
2.
Um lírio pode ser usado apropriadamente para ilustrar a pureza. A lagarta que
se transforma em borboleta pode ilustrar a regeneração, ou a ressurreição.
3.
Para prevenir os alunos contra más influências, o professor pode levar à classe
um pedaço de carvão. Segura-o, esfrega-o nas mãos, e mostra aos alunos suas
mãos enegrecidas. E pergunta: "Podemos segurar um pedaço de carvão sem
sujar as mãos? Podemos andar com maus companheiros sem nos tornar maus?"
4.
Ilustre a cicatriz deixada pelo pecado martelando pregos em uma tábua onde você
desenhou um coração. Cada prego representa um pecado. Arranque agora os pregos:
a remoção representa o arrependimento e o perdão. Chame a atenção para o fato
de os pregos terem sido tirados, mas os buracos ficaram. Os pecados foram
perdoados mas as "cicatrizes" ficaram.
O
professor explica que as ofensas, embora perdoadas, podem deixar cicatrizes.
5.
Para ilustrar a tremenda força do vício, o professor pode atar os pulsos de um
aluno com um fio de linha. É claro que o aluno consegue rompê-lo com
facilidade. Então o professor lhe passa pelo pulso o mesmo fio, várias vezes, e
ainda assim o aluno pode rompê-lo — mas com algum esforço. E à medida que
aumenta o número de fios, conforme o professor o demonstra, o aluno não
consegue livrar-se. "Desta maneira — explica o professor — um hábito
pecaminoso, ainda que aparentemente insignificante, transforma-se num vício
escravizador."
Os
seguintes objetos são meras representações simbólicas de realidades materiais
do passado:
*
um modelo do Tabernáculo no deserto ou do Templo de Salomão;
*
um modelo de casa dos tempos de Cristo;
*
um modelo dos pergaminhos da lei usados na sinagoga;
*
moedas romanas e gregas, etc.
Nesta
mesma classe estariam as fotografias, que também têm grande valor para
interessar os alunos. Uma palavra de advertência e precaução a respeito dos
recursos audiovisuais, e objetos. Pode-se acostumar mal uma classe de crianças
mediante o uso de "novidades": elas poderão pedir sempre um novo tipo
de espetáculo. Um exemplo extremo: um professor ilustrou com fogos de
artifício, a queda das estrelas que ocorrerá na época do retorno de Jesus.
Aconteceu que as crianças, depois disto, ficaram pedindo "mais fogos de
artifícios", mais novidades, mais espetáculos. Os recursos simples acabam
sendo ofuscados pelos mais impressionantes. Os alunos passam a exigir emoções
cada vez mais fortes...
Esta
advertência e precaução não se aplica ao uso do quadro-negro, por duas razões:
Primeira,
o quadro-negro é um modo natural de apresentar a lição para os alunos. Os
objetos impróprios, ou mostrados de modo impróprio, podem dar à criança uma ideia
errônea da verdade.
Segunda,
se o professor domina a lição, não fica sem ideias quanto às ilustrações que
porá no quadro-negro. E fácil e seguro usar o quadro-negro; todavia, fica
difícil manter a classe interessada na lição, semana após semana, à custa de
mostrar sempre novos objetos.
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