(PEARLMAN, Myer. Ensinando com êxito na Escola Bíblica Dominical. Traduzido por Rejane Caldas. São Paulo: Editora Vida, 1995. 92 p.)
Depois
que o professor tiver uma compreensão clara do assunto da lição, deverá
determinar o objetivo particular da aula. Isto quer dizer que ele deve
perguntar a si mesmo: "Que resultado espiritual devo conseguir com esta
lição na vida dos alunos?"
Se
compararmos o processo de escolha do tema da lição com uma viagem, diremos que
preparar a bagagem representa dominar a matéria da lição; escolher a rota e
modo de transporte corresponde a escolher o método de ensino; e determinar o
destino e as atividades depois de chegar, representa o objetivo, ou propósito
da lição. Uma aula de Escola Dominical é uma viagem com um propósito definido,
e tem que ser planejada cuidadosamente. O professor que não traça uma
trajetória definida, em geral não chega a lugar nenhum.
É
comum o professor falar muito a respeito da lição sem alcançar um objetivo.
Estamos todos familiarizados com o ensino exemplificado pela ilustração de
Clarence H. Benson:
O
professor: João da Silva, leia o primeiro versículo.
João
da Silva lê: E depois de todos morreu também a mulher. Na ressurreição pois, de
qual dos sete será aquela mulher?
O
professor: Há alguém de vocês que possa dizer o que significa isso?
José
de Souza: Ser bom.
O
professor: Isso mesmo. José, leia o próximo versículo.
Benson
pergunta: Quanto tempo duraria uma escola secular se fosse dotada de
professores deste tipo?
O
método usado nesse exemplo não produz um ensino verdadeiro; apenas vai
esbarrando em tantos ensinamentos quantos versículos há no texto da lição. O
resultado é que o aluno sai com a vaga lembrança de uma ou duas dezenas de
fatos sem relação alguma entre si, em vez de levar incrustrada na mente — como
um diamante num anel — uma lição proveitosa, estimulante, uma verdade
evangélica.
Alguém
perguntará: "A lição é tudo que devemos dar ao aluno durante os 45 minutos
de duração da aula?" O fato é que tudo que alguém pode compartilhar, de
modo eficaz, é uma lição.
Certo
especialista crê que um professor pode dissertar somente acerca de um ponto, em
uma aula de uma hora. Por exemplo, que aconteceria se um indivíduo tentasse ver
toda a cidade de São Paulo em um dia? Veria tanta coisa que não veria a cidade,
ao contrário do que parece. Seria melhor que ele se concentrasse em um assunto,
e fizesse planos de passar o dia visitando, digamos, as igrejas ou
universidades mais famosas.
Um
perito em Escola Dominical disse: "É melhor ensinar uma verdade de 12
maneiras diferentes, ou vê-la de 12 pontos de vista, do que tentar ensinar 3 ou
4 verdades em uma lição."
É
impraticável tentar ensinar muitas verdades em uma única lição. O carpinteiro
ao fazer uma junção fixa-a com uns poucos pregos. Fará que os pregos atravessem
as peças e lhes vergará as pontas. Ele sabe muito bem que muitos^ pregos racham
a madeira e põem a perder ajunção. É claro que isto não quer dizer que se deva
consumir os 45 minutos falando de um tema, sem variações, ou eliminando
detalhes interessantes e incidentais. Quero dizer que o tema principal da lição
será como o Sol, ao redor do qual se movem todos os pensamentos subalternos,
como os planetas. Quando os invasores europeus se defendiam dos ataques dos
índios, na época da colonização da América, os soldados recebiam ordem de
prender ou matar o cacique ou chefe; sabiam que capturar o chefe era como
capturar a tribo inteira. Da mesma forma a tarefa do professor e da aula é
perseguir o objetivo da lição. Este é o seu trabalho, como professor. Naturalmente
isto nos leva à seguinte pergunta:
COMO DETERMINAR O OBJETIVO DA
LIÇÃO?
1. Estudando minuciosamente o texto
da lição
Por
exemplo, se a lição encontra-se em João 15, o professor provavelmente decidirá:
"Tenho que gravar nos corações e mentes de meus alunos a necessidade
imperativa de estar em contato perfeito com Cristo através da oração e da
leitura da Palavra."
Se
a lição encontra-se em Mateus 6:5-15, talvez o professor dirá a si mesmo:
"Minha tarefa principal durante estes 45 minutos será inspirar em meus
alunos um desejo intenso de pegar suas Bíblias e procurar um lugar onde podem
estar a sós com Deus."
Mas
suponhamos que a lição não seja prática, mas de caráter descritivo, e se
destina a servir de introdução à série de lições para o trimestre. Por exemplo:
uma lição que descreve a infância e educação do apóstolo Paulo. O professor
talvez diga a si mesmo: "Esta é a primeira lição da série acerca da vida
de Paulo. Tenho de dar aos alunos uma idéia clara e vivida da vida, lar e
educação de um rapaz judeu naqueles dias, e então mostrar-lhes que Deus
preparava Paulo para seu trabalho futuro."
Assim
vemos que o propósito principal do texto da lição é o de prover a maneira de
imprimir uma verdade preeminente aos corações e mentes dos alunos. "A
lição é um veículo para levar a mensagem — escreve Marion Lawrence. — A lição é
um vasilhame; a mensagem é o azeite. A lição é o trem; a mensagem é a carga. O
aluno deixará para trás a lição mas levará consigo a mensagem. Somente a
mensagem é que pode transformar vidas. Quantas vezes ouvimos homens e mulheres
na igreja dizerem que não se lembram de nenhum fato ensinado por seus
professores na Escola Dominical; mas sem dúvida se recordam do efeito de seu
ensino em suas vidas."
2. As necessidades dos alunos
determinarão o objetivo da lição
É
trabalho do professor conhecer os alunos de sua classe: suas fraquezas e
tentações; o que os entusiasma; seus interesses; e as condições de seu lar e
escola pública. Colocando este conhecimento prático e a matéria da lição lado a
lado, o professor será capaz de traçar o objetivo da lição para o próximo
domingo.
Philip
Howard, em seu livro acerca das ferramentas do professor, faz umas sugestões
valiosas neste particular: "Há várias maneiras pelas quais você pode
estudar os alunos de sua classe para averiguar seus interesses, suas
características, e o caminho direto para a alma e mente de cada um.
Interesse-se pelo lar de onde vêm, como são seus pais, que tipo de quadros ou
retratos há nas paredes, as revistas sobre as mesas, os livros que a família
lê, a ordem ou desordem da casa. Fale com cada aluno de sua classe,
individualmente, acerca dos livros e jogos de que ele mais gosta, seu trabalho,
planos quanto à escola, seu lar, suas atividades e os planos para sua vida.
Inteire-se de quem são os amigos íntimos do aluno. Retenha em sua memória ou
anote alguma inclinação moral que se manifeste em conversas na classe ou fora
dela. Talvez ouça alguém de sua classe dizer que a mentira às vezes é "um
mal necessário". Pode ser que não seja possível dialogar neste momento,
mas você já tem um reflexo de seu caráter e sabe de que deve tratar. Estude os
rostos. Note sinais triviais de mau humor, de suspeita, de pensamentos frívolos
e baixos e anote com igual cuidado os bons modos, o bom humor e o olhar franco
e aberto."
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