PEARLMAN, Myer. Ensinando com êxito na Escola Bíblica Dominical. Traduzido por Rejane Caldas. São Paulo: Editora Vida, 1995. 92 p.)
Um
famoso escritor escreveu certa vez: "Antes que um orador enfrente seu
auditório, deve escrever a um amigo e dizer-lhe: 'Vou fazer um discurso sobre
este tema, e quero enfocar os seguintes pontos.' Deve, então, enumerar a ordem
dos pontos sobre os quais vai falar, e resumi-los. Se esse orador descobrir que
não tem nada de que tratar no discurso, é melhor que diga depressa a quem o
convidou que a iminente morte de sua avó o impede de aceitar o convite."
Esse
é um modo bem-humorado de dizer que não devemos nos atrever a falar a um
auditório sem preparar-nos de modo suficiente. É conselho aplicável ao ensino
na Escola Dominical. Uma lição bem preparada inclui não somente o conhecimento
da matéria que o professor vai ensinar, mas também o "como", a
maneira de ensinar. Supondo que você esteja bem preparado, bem provido de dados
e informações, terá sempre de perguntar-se: "Como vou transmitir estas
verdades à classe? Só eu falarei? Farei perguntas para motivá-los? Pedirei que
façam alguma pesquisa, ou trabalho?" Em outras palavras: "Que método
usarei?"
Existem
muitas formas de ensinar uma lição, assim como há muitas maneiras de entregar
mercadorias aos fregueses. Por exemplo, alguém pode entregar pessoalmente a
mercadoria; ou pode chamar o cliente por telefone e pedir-lhe que venha
buscá-la. O método mais eficiente depende do tema, das condições dos alunos, da
habilidade do professor e de outras circunstâncias.
Classificaremos
os métodos de ensino da seguinte forma: (1) métodos que jogam a carga de
trabalho sobre o professor; (2) métodos que põem grande parte da carga sobre a
classe; (3) métodos pelos quais o professor e a classe interagem em cooperação.
O PROFESSOR TRABALHANDO
Nos
métodos seguintes a carga do trabalho recai sobre o professor.
l. O professor faz dissertações
Neste
método o professor apresenta a lição quase da mesma maneira que o pregador
pronuncia seu sermão: ele fala e a classe ouve. Este método tem vantagens e
desvantagens. Dá ao professor o tempo necessário para ensinar a lição toda, de
modo definido e sistemático, a pessoas muito ocupadas que não têm ou não
procuram tempo para estudar a lição. Este método é bem adequado quando a classe
é tão grande que as perguntas e discussões impediriam uma apresentação completa
da lição.
E
claro que quem usa este método de dissertação deve ser orador apto e eloquente,
capaz de reter a atenção e o interesse da classe; de outra maneira alguns se
distrairão e outros dormirão. É método deficiente, pois não estimula o aluno a
agir. Trata-se de uma classe passiva cujos alunos se limitam a ouvir.
2. O professor narra
Para
os alunos das classes infantis a lição inteira consiste em histórias narradas
pela professora. Narração é a forma em que as verdades espirituais podem ser
assimiladas melhor pelas mentes das crianças. Nos departamentos de jovens e de
adultos, este método deve ser usado quando a lição focaliza acontecimentos
bíblicos, pois uma história bem narrada é um método seguro de despertar e reter
a atenção.
Todo
professor deve cultivar a arte de narrar histórias. Deve ser capaz de imaginar
a vida nos tempos bíblicos, rever as cenas, caminhar entre as pessoas, ouvir
suas conversas, compreender seus costumes, e depois descrever vividamente o que
viu. Desta maneira a história bíblica chega a ser uma realidade para seus
ouvintes.
Quanto
aos elementos doutrinários, que dificilmente poderiam ser ensinados de forma
narrativa, o professor deve esclarecer as doutrinas mediante ilustrações
coerentes e histórias bem narradas. Se você perceber que está conduzindo sua
classe a um deserto árido, por causa da secura de sua exposição, procure
salvar-se e recuperar o interesse dos alunos mediante uma ilustração
interessante relacionada à lição.
O ALUNO TRABALHANDO
Uma
das suas tarefas fundamentais, como professor, é conseguir que o aluno pense
por si mesmo. Faça que o aluno use suas faculdades, desperte-lhe a capacidade
de apreciar o que vê e ouve. Por isso, o professor não deve dizer ao aluno o
que este pode descobrir por si. Um dos melhores métodos para pôr em prática o
princípio das atividades feitas pelos próprios alunos pode-se definir como o
método da atribuição de tarefas. Terminada a lição de hoje, o professor dedica
algum tempo à próxima lição. É quando ele dá algumas tarefas a cada aluno. Um
vai responder a certas perguntas. Outro desenvolverá um tema. Outro desenhará
um mapa. Este método exerce um efeito psicológico salutar sobre o aluno: Faz
que ele compreenda que o professor conhece seu trabalho e que se interessa por
fazê-lo; além disso, dá a todos a satisfação do êxito do empreendimento.
"Mas
como posso conseguir que o aluno colabore e estude?" Esta é uma pergunta
que surge ao considerarmos este método. Apresentamos as seguintes sugestões:
1. Ensine ao aluno como estudar
É
muito provável que ele não saiba como estudar e pesquisar. Uma das lições mais
úteis para o aluno é saber como estudar por si mesmo.
Não
basta dizer-lhes como estudar e deixá-los — adverte o autor Suter em seu livro Creative Teaching (Ensino Criativo). —
Demonstre o processo. No princípio do ano escolar valeria a pena tomar pelo
menos a metade do tempo das aulas para fazer exercícios demonstrativos. Reúna
os alunos ao seu redor e (liga: 'Vou fazer de conta que sou um de vocês e que
vou estudar e preparar a lição.' Passe então pelo processo de estudo, passo a
passo, sem omitir nada.
Use
cada livro, caderno, papel ou apostila, exatamente como o aluno faria. Quando
chegar o momento de ler as passagens assinaladas, leia-as em voz alta (temos
aqui a única diferença entre o que você faz como demonstração e o que o aluno
faz em casa). Onde se pede que se escreva, faça o exercício escrito. Em outras
palavras, faça uma demonstração completa e explique, enquanto a faz, as razões
por que se deve fazer cada atividade, e a melhor maneira de executá-las
todas."
Um
destacado escritor e professor de Escola Dominical com ampla experiência, Amos
R. Wells, referindo-se a seu trabalho didático, disse que se pudesse começar
tudo de novo faria o seguinte: "Pensaria menos no que estava dando aos alunos
e mais no que eles estavam recebendo. Fiz quase nada a princípio, para motivar
meus alunos a estudarem. Não lhes dei trabalho para fazer em casa. Todo meu
ensino era por dissertação, muito embora algumas vezes tenha usado perguntas e
respostas de maneira mais ou menos disfarçada. Por isso o vento levou todo o
meu ensino. Se os alunos estudassem em casa, ainda que de forma inadequada,
neles se despertaria uma atenção sólida que lhes permitiria reter um ensino que
eu transmitisse em classe."
2. Desperte o interesse do aluno e
dê-lhe um motivo para estudar
Se
desejamos persuadir um aluno a fazer uma tarefa, temos que fazê-lo sentir que
vale a pena, que saber bem a lição é realmente muito importante — para ele. O
professor, como bom vendedor, tem que criar necessidades que seu produto
satisfaça.
Em
vez de dar tarefas de uma maneira geral à classe inteira, dê uma tarefa
definida a cada aluno e faça-o responsável pelo trabalho.
3. Peça ao aluno que apresente a
lição oralmente
Faça
o possível para que seu aluno apresente o trabalho a ele designado; de outra
maneira chegará a ser negligente e dirá: "Para que fazer lição de casa e
estudar se o professor não exige que se apresente a lição? e nem mesmo
vê?"
"Mas
a aula não ficará monótona se consistir somente de dissertações da parte dos
alunos?" Esta é uma pergunta que surgirá em relação a este método. É
conveniente que o professor faça dissertações entre as respostas, e desenvolva
a lição de maneira interessante. Se comparamos uma aula com a construção de uma
casa, podemos perceber que a tarefa do professor, bem como as tarefas dos
alunos, é como a edificação de uma casa, passo a passo, setor por setor. O
aluno dá sua resposta, apresenta seu trabalho; o professor complementa o que o
aluno fez, comentando e, se necessário, corrigindo, desenvolvendo a lição
preparada pelos alunos.
O PROFESSOR E O ALUNO TRABALHANDO
JUNTOS
l. O método de perguntas, ou
interrogativo
Neste
método o professor estimula os pensamentos dos alunos usando perguntas
inteligentes que os façam pensar. Na realidade ele "educa" a classe
tirando da mente dos alunos os fatos principais da lição. Este é um dos métodos
mais interessantes porque retém a atenção dos ouvintes e os mantém ativos. Este
método também ajuda o professor, tirando de seus ombros o trabalho de
dissertar; sua tarefa se parece com a de um capataz que dirige a construção de
um edifício.
Embora
este método seja considerado um dos melhores, pela pedagogia moderna, tem seus
perigos. Os alunos podem sair do assunto da lição e, quando não estudaram bem a
lição em casa, as respostas podem ser superficiais. Os alunos preguiçosos podem
converter a aula em conversação inútil. Também existe o perigo de empregar-se
demasiado tempo na discussão de alguns detalhes menores, ou de alguma questão
que não pertence à lição, e assim distanciar-se do tema. Entra em cena a
habilidade do professor, que deve estar atento para que as perguntas sejam
pertinentes e bem formuladas. O professor provoca o diálogo através de
perguntas inteligentes, evitando que haja desvios do tema da lição.
2. O método de perguntas e dissertações
Este
método é uma combinação dos métodos de apresentação de pequenos tópicos e o de
perguntas. O professor assinala as tarefas definidas a cada aluno, e desenvolve
a aula mediante uma discussão em que pede a cada aluno a tarefa de casa. Desde
que a aula não seja muito extensa, e que os alunos tenham sido estimulados a
estudar, este é o método mais eficaz. Para adultos, o método de perguntas é o
mais interessante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário