segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Capítulo 6 - O Plano da Lição

(PEARLMAN, Myer. Ensinando com êxito na Escola Bíblica Dominical. Traduzido por Rejane Caldas. São Paulo: Editora Vida, 1995. 92 p.)

Um escritor relata as seguintes impressões recebidas durante um discurso que ouviu certa vez: "Ele conhecia seu tema a fundo, e também muito mais do que pudesse usar; mas não havia preparado seu discurso. Não se havia aprofundado no assunto. Não o tinha organizado de maneira ordenada. No entanto, com a coragem da inexperiência, mergulhou descuidada e cegamente em seu discurso. Não sabia aonde ia, mas estava a caminho. Logo, sua mente embaralhou-se e o banquete mental que ele nos serviu também foi embaralhado. Serviu-nos o sorvete primeiro, e depois colocou a sopa diante de nós. O peixe e os vegetais vieram mais tarde. Por último, serviu algo que parecia uma mescla de sopa, sorvete e uma grande tainha."
Certamente nenhum professor dedicado gostaria que se dissesse isto de uma de suas aulas. Portanto, depois de familiarizar-se com o assunto da lição e de determinar seu objetivo, o professor deve preparar a matéria de maneira lógica e ordenada para que possa produzir efetivamente o resultado planejado. Este é o tema do presente capítulo.
Vamos observar um professor em seu trabalho e ouvi-lo enquanto ele prepara sua lição para o próximo domingo, a qual se baseia, digamos, em Mateus 6:5-15. Ele dobra duas folhas de papel em forma de folheto para que caibam dentro da revista. Havendo esclarecido o assunto em sua mente, e lido o texto com atenção, prepara-se para fazer anotações. É claro que não deve depender inteiramente de seus apontamentos enquanto ensina; ele apenas dará uma olhada de vez em quando no esboço. O propósito principal do esboço é fixar a lição na mente de modo lógico e ordenado. É conveniente escrever bem nítido, e vale a pena você guardar esse esboço bem preparado, se além de professor também é pregador.
A maneira mais simples e prática de organizar um esboço de lição é seguir os três passos seguintes:
1. Introdução (o princípio).
2. Apresentação (o progresso ou desenvolvimento).
3. Conclusão (o fim ou recapitulação).
O professor escreve no papel com maiúsculas o título: O CRISTÃO EM ORAÇÃO, e sob esse título as referências bíblicas da lição, a data e o tema da série de lições. A seguir escreve com maiúsculas:
1. INTRODUÇÃO
Um professor que obteve grande êxito disse com razão: "O princípio e o fim: Estas são as partes mais difíceis de fazer-se com perfeição em quase todas as atividades." Por exemplo, em uma celebração social, os momentos mais embaraçantes não são os da chegada e os da saída, que precisam ser bem caprichados? Em uma entrevista sobre negócios, o mais difícil não é a apresentação, e o encerramento, que devem ser perfeitos? O mesmo acontece no ensino na Escola Dominical.
O propósito da introdução e apresentação do assunto é criar uma brecha na mente e coração dos ouvintes; o propósito da conclusão é regravar a lição depois que a receberam. E como a introdução consegue seu propósito? Captando a atenção e interesse dos alunos.
"Grande parte do êxito da aula depende de se começar apropriadamente — escreve Lawrence. — O professor não deve descarregar sua aula em cima dos alunos, como se despejam maçãs em uma cesta. O começo deve ser como um anzol com uma isca apetitosa, para que seja engolido logo no início; mas deve ser também como um arpão, que prenda o aluno e o mantenha fisgado." Estes são os minutos mais críticos para o professor, pois é quando conseguirá ou não despertar o interesse e fixar a atenção.
Nesta seção do esboço, o professor tem três lembretes sublinhados:
A. Faça o aluno pensar
B. Desperte seu interesse
C. Declare o tema da lição
Ampliaremos cada um destes pontos.
A. Faça o aluno pensar
(Refere-se aos pontos um e dois do segundo capítulo.) Nesta parte da lição o professor começará com as idéias do aluno mesmo, porque ensinar é explicar verdades novas com a ajuda de verdades já compreendidas. Weigle, em seu grande livro sobre o aluno e o professor, escreve: "Não se deve introduzir material novo nesta parte. Pode-se refrescar a memória dos alunos invocando ideias muito claras, já adquiridas, e que têm relação com as novas, ou chamar a atenção deles para coisas que tenham lido, ou fazê-los recordar-se de experiências da vida real. Seja qual for o assunto, deve-se perguntar: Esta ideia ajudará os alunos a compreenderem a lição de modo correto?"
Ouçamos os pensamentos do professor: "Que é que eles já conhecem acerca deste tema? Sobre os fatos já conhecidos eu posso acrescentar material novo. Como despertar-lhes o desejo de ir mais longe, de aprender e saber mais? Quase todos estavam presentes no domingo passado, e ouviram o missionário descrever as rodas de oração do Tibete. Os tibetanos oram fazendo girar a roda em que estão coladas as suas petições. Cada giro representa uma série de orações. Eu lhes perguntarei o que pensam deste tipo de oração. Então lhes mostrarei quão importante é conhecer a verdadeira forma de orar, conforme o ensino da Palavra de Deus na lição de hoje.
"No caso de os alunos estarem desatentos, ou preocupados com outras Coisas, e que eu tenha dificuldade em captar e reter sua atenção, eu poderia contar-lhes a seguinte história: 'Durante uma de suas reuniões evangelísticas, D. L. Moody, o famoso pregador, pediu a um irmão que orasse. Ele começou a orar, mas aparentemente não sabia terminar. Cinco, dez, quinze minutos se passaram. As pessoas começaram a inquietar-se. Finalmente, Moody se levantou de hinário na mão e anunciou: "Cantaremos agora um hino enquanto o irmão termina sua oração." Foi ótimo o evangelista fazer isso, porque na congregação havia um jovem inteligente que estava cansado da oração e ia retirar-se. Mas como ele mesmo disse depois, ficou impressionado pelo bom senso de Moody, e por isso ficou, e foi ao altar quando houve o apelo. Depois tornou-se um missionário conhecido pelo mundo todo.'
"Tenho certeza—concluiu o professor—de que eles compreende- riam o ponto central dessa historieta e apreciariam o valor de se conhecer a verdadeira forma de orar. No entanto contarei este caso apenas se houver uma emergência, porque é possível que os alunos se fixem mais na parte humorística da história que na moral da lição."
B. Desperte o interesse do aluno
Até este momento fizemos um contato com o aluno. E como já apresentamos o tema, nossa próxima tarefa será manter o aluno tão interessado no assunto que sua atenção seja permanente. Como se pode fazer isto? O conhecimento de uma verdade importante a respeito da natureza humana será útil neste caso. Cada descendente de Adão no fundo é egoísta. Não que todos se rendam a esse egoísmo, mas esse instinto está sempre presente. Em que se interessa mais o ser humano, a maioria das pessoas? Em si mesmo, claro!
Por exemplo, se você soubesse que o jornal da tarde conteria um parágrafo que falasse de você, que parte do jornal você leria primeiro? A resposta é evidente. Um aluno, conhecedor da natureza humana, disse que a maioria das pessoas gostaria mais que você falasse algo bom delas, em vez de dissertar acerca dos dez homens mais famosos da história.
Não menciono isto para rirmos do fato de que todos estamos muito interessados em nós mesmos, mas para mostrar como este conhecimento pode servir a um bom propósito. Até o Senhor apelou para o interesse próprio quando quis ensinar o amor a nosso irmão, dizendo: "Amarás a teu próximo como a ti mesmo." Vemo-lo também na regra áurea: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles."
Como podemos usar este princípio para interessar o aluno na lição? Mostrando-lhe o valor da lição, o que aquele conhecimento significa para ele mesmo.
Ouçamos ainda a ponderação do professor: "Se quero reter a atenção dos alunos sobre este tema por 35 ou 40 minutos, tenho que criar neles um desejo ardente de aprender a lição. Se consigo interessá-los na lição e motivá-los a aprendê-la, estarão prontos para aceitar a verdade. É natural que estejam interessados em adquirir poder. Então, eu lhes explico que a oração é a maior energia do universo, que a oração move a mão que rege o mundo. Talvez eu deva contar-lhes uma ilustração que mostra urá milagre real que a oração produziu. Tenho que fazê-los compreender com clareza o que a oração pode significar em suas vidas."
C. Declare seu tema com clareza
O professor apresentou o tema a seus alunos e conseguiu despertar o interesse deles; agora ele anuncia o título da lição que será ensinada.
"O tema deve ser breve e atraente — escreve Weigle. — Deve ser fácil de ser lembrado e servir como guia para uma recapitulação nas lições seguintes. Sempre que possível, deve-se anunciar o nome das personagens envolvidas, e o assunto da lição: A obediência de Abraão, disposto a sacrificar Isaque'; A bondade de José para com seus irmãos': A batalha de Josué contra cinco reis' são exemplos.
"A lição que estamos usando como modelo nós a poderíamos intitular: 'Cristo nos mostra a falsa e a verdadeira forma de orar' ou 'Jesus nos ensina a orar."'
O objetivo da lição, que é determinado pelo professor (veja o capítulo anterior), não deve ser declarado à classe. O professor lhes diz o que irão estudar, mas guarda para si o objetivo que se propôs atingir.
Antes de terminar esta parte do esboço, são necessárias duas sugestões: (1) Talvez pareça muito longo o tempo dedicado à introdução da lição. Mas a introdução deve ocupar somente uma pequena fração do tempo da lição. Se planejar cuidadosamente a lição, o professor será capaz de abranger muito material, e ao mesmo tempo ser breve e enfatizar o ponto principal. (2) Nesta parte da lição deve-se aproveitar a atividade dos alunos, e encaixá-la no objetivo proposto. É preciso fazer-lhes perguntas inteligentes, de modo que expressem seus pensamentos e conhecimentos.
Tendo preparado a introdução, o professor cuidará da parte principal da lição, conhecida como:
II. APRESENTAÇÃO
Nesta parte o professor:
A. Resume a lição
B. Desenvolve a lição
C. Ilustra a lição
A. Faça um resumo da lição
Um guia que quer conduzir um grupo de turistas pela parte mais bela do campo leva-os primeiramente ao alto de um monte, para que possam contemplar a paisagem com a visão de um pássaro. Os turistas deverão ver um panorama geral, toda a beleza da área que irão atravessar com vagar. De maneira semelhante o professor apresenta os pontos mais importantes da lição, para que o aluno tenha uma visão geral clara e abrangente do assunto.
Talvez você fique perplexo, não sabendo o que fazer com essa coisa misteriosa conhecida pelo nome de "esboço". Pois bem, o esboço tem um propósito: ajuda o professor a apresentar os fatos essenciais da lição de um modo ordenado.
Portanto, o professor prepara o seguinte esboço, que supomos esteja na revista ou em algum guia do professor:
I. Maneiras erradas de orar (Mateus 6:5, 7)
A. O erro dos judeus: Vangloriar-se.
B. O erro dos gentios: Repetições tolas.
II. Maneira correta de orar (Mateus 6:6, 8)
A.      Objetivo: Orar para ser visto e ouvido por Deus.
B.      Estratégia: Comunhão com a Infinita Inteligência.
III.     Um modelo: O Pai Nosso (Mateus 6:9-15)
A. Invocação
B.      Deus Seu nome Seu reino Sua vontade
C.      O homem Necessidades materiais Perdão
Libertação
D. Doxologia
O professor não deve ler seu esboço perante a classe de maneira rígida, e ao pé da letra. O esboço é um esqueleto que deve ser revestido com a carne de comentários oportunos. Por exemplo: "Consideremos primeiro algumas formas incorretas de orar, mencionadas por Cristo: Orar com o propósito errado de fazer alarde diante das pessoas, ou orar de maneira tola, repetitiva, como um disco que repete sempre a mesma coisa.
"Veremos que há duas correções para estes erros: Primeira, a oração secreta na presença de Deus. Segunda, a certeza de que ao nos dirigir a Deus, estamos falando à Pessoa Inteligente. Depois disto, estudaremos um modelo de oração inteligente, comumente conhecida como o Pai Nosso, a qual nos ensina a maneira correta de nos aproximarmos de Deus."
B. Desenvolva a lição
Chegamos à parte principal da lição na qual o professor, como hábil artesão, começa a trabalhar com os fatos ajustando-os de modo adequado, esclarecendo pontos difíceis, e desenvolvendo a aula para que produza o resultado desejado.
Como é que o professor realiza uma tarefa tão complicada? Depende do método que usar. Se a professora dirige uma classe de crianças, a base da aula é a narração. A professora terá de dominar a arte da narração. Se for usado o método de dissertação é necessário um esboço detalhado.
Imaginemos que o professor tenha uma classe de adolescentes ou adultos. É provável que use o método de perguntas. Nesse caso, o melhor esboço será o que se apresenta em forma de perguntas preparadas de antemão, que provoquem novas perguntas da parte do aluno. Cada uma dessas perguntas constitui o foco principal para a discussão de algum tema importante. Você já atirou alguma vez uma pedra nas águas de um lago plácido, e observou como se produzem ondas em círculos que se dispersam na direção das margens? Isto ilustra o efeito destas perguntas na fase do desenvolvimento da lição. São perguntas que estimulam a classe a aprofundar-se no tema e desenvolvê-lo. Novas perguntas podem ser feitas para obter-se respostas mais categóricas.
Para ilustrar: o professor prepara sua lista de perguntas (estão em negrito).
(1) Que é um hipócrita? (Note o versículo 5.) Temos aqui o princípio da lição sobre a hipocrisia. Esta pergunta também ativará a mente dos alunos e os fará lembrar-se de qualquer informação ou dados referentes ao tema. O professor hábil primeiramente utiliza as ideias que os alunos já tenham na cabeça. Depois que a classe tiver tido um momento para pensar na pergunta e algumas respostas tenham sido dadas, o professor pode "tirar sutilmente" da classe (recorde-se da definição de "educar") respostas corretas baseadas em perguntas como as seguintes: Podemos aplicar o termo "hipócrita" a um seguidor de Cristo que num momento de fraqueza caiu em pecado? Aplicaríamos a um membro da igreja que nunca foi verdadeiramente convertido? Chamaríamos assim a alguém que um dia se converteu, mas agora está vivendo em pecado? Olhe o versículo 5, e dê a descrição que Jesus faz de um hipócrita.
A classe já está pronta para outra pergunta.
(2) Você acredita que o Senhor está proibindo a oração pública? (Veja o versículo 6). Esta pergunta é o princípio do novo tema; os alunos receberam algumas ideias que agora podem ser expostas e desenvolvidas mediante perguntas como as seguintes: Vocês poderiam me dar uma evidência que prove que Jesus cria na oração pública? (Como veremos a seguir, respostas como "sim" e "não" de modo algum são suficientes, pois não dão evidências de que os alunos estão raciocinando.) Se ao dizer "visto pelos homens", o Senhor não estava proibindo a oração pública, então o que estava proibindo?
Isto basta para ilustrar a natureza e o uso do esboço feito de perguntas. Ao deixar este tema, no entanto, deixe-me sugerir os seguintes tópicos intitulados "não se esqueça":
1. Não se esqueça do limite de tempo. Escolha perguntas que toquem os pontos básicos da lição.
2. Não se esqueça de seu objetivo. Faça com que as respostas contribuam para o cumprimento total de seu propósito. Se comparamos as atividades da aula a uma roda, o eixo representa o objetivo principal, os raios correspondem aos diferentes pontos da lição e a borda, à vida dos alunos.
C. Ilustre a lição
Como meio de recapitulação voltemos à ilustração da edificação de uma casa:
1. Dominar a matéria e determinar o objetivo correspondem, digamos, a fazer um desenho da casa pronta, e elaborar a descrição detalhada da planta. Pode incluir a decisão quanto ao material que se há de usar.
2. A introdução da lição representa a abertura dos alicerces.
3. Resumir a lição é levantar as estruturas de concreto.
4. As perguntas correspondem às divisões revisadas. Pediu-se aos alunos que respondessem a algumas perguntas acerca do assunto.
5. Por meio de trabalhos práticos, por escrito, ou por meio de diálogo, o professor dará o acabamento à obra .
As ilustrações correspondem às janelas e às lâmpadas elétricas que iluminam as dependências da casa. As ilustrações esclarecem o tema, ajudam o aluno a compreendê-lo, e assim mantêm seu interesse. Por isso, é melhor o professor preparar uma lista de ilustrações. Não se consegue exagerar o valor das ilustrações na apresentação da lição. O tema da lição é tão importante que mais adiante dedicaremos um capítulo inteiro a ele.
Agora estamos prontos para o acabamento da casa, os retoques finais. Então chegamos à:
3. CONCLUSÃO
Na introdução colocamos os parafusos; na apresentação os apertamos, na conclusão os atarraxamos. Como o propósito da conclusão é garantir que a lição fique profundamente gravada na mente e no coração dos alunos, o professor chamará a atenção em dois sentidos:
Quanto à mente. Os pontos básicos da lição têm de "ser" resumidos para facilitar a tarefa de memorização.
Para averiguar se os alunos memorizaram as verdades compartilhadas, o professor lhes permitirá falar. Ele anuncia por exemplo: "Temos tempo para uma recapitulação breve antes que toque o sinal. Alguém pode dar-me o título da lição que escolhemos no princípio? Qual foi a primeira forma incorreta de orar que Cristo denunciou? E que solução prescreveu?
Qual foi o segundo método incorreto de orar que Cristo expôs? E qual a segunda solução? Diga qual foi a oração modelo que ele ensinou a seus discípulos. Alguém, por favor, mencione os pedidos quanto às coisas de Deus, e depois os pedidos quanto às coisas dos homens."
Quanto ao coração. Primeiro o professor criou na mente do aluno um desejo ardente de "saber". Agora, o professor se propõe uma tarefa mais importante ainda, que é criar no aluno o ideal firme de desenvolver esse conhecimento.
Um cientista muito conhecido disse certa vez: "A finalidade maior da vida não é conhecer, mas atuar." O conhecimento deve converter-se em ação. O que se disse a respeito da classe de homens tem utilidade para todos em geral: "Com muita frequência somos obrigados a deter-nos na teoria e nos conselhos, em nosso ensino. Nossas lições podem ter um sabor de algo fantasioso. Teorias e conselhos não é o que o jovem quer. Tal ensino falha quando colocado em contato com as verdadeiras responsabilidades e desafios da vida. Nenhum jovem quer meros conselhos nem meras teorias. O que ele mais almeja é a realidade. O que mais lhe interessa é a genuína atividade produtiva."
Apliquemos esta verdade à lição que estávamos usando como exemplo. O professor diz à classe: "A melhor maneira de aprender a nadar é nadando; a melhor maneira de aprender a patinar é patinando. Aprendemos executando. Pois a melhor maneira de aprender a orar é orando. Estou certo de que as lições que temos estudado chegarão a ser bênçãos constantes para nós, à medida que nos determinarmos a dedicar algum tempo diariamente à oração, meditação e leitura da Bíblia."
É impossível estabelecer regras seguras quanto ao método de aplicar a lição; tudo depende das circunstâncias e da direção do Espírito de Deus. Há vezes em que, se o professor ensinou bem, não é necessário fazer-se uma aplicação formal da lição; a Palavra mesma fará a obra. Outras vezes umas sugestões indiretas serão mais eficazes do que uma exortação direta.
Note como o Senhor aplicou a parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-27). Depois de narrar a história, o Senhor poderia ter feito uma aplicação direta, dizendo ao doutor da Lei: "O mero fato de você fazer tal pergunta: 'Quem é meu próximo?' já indica sua falta de amor ao próximo. Se você fosse uma pessoa verdadeiramente amorosa saberia por instinto que qualquer ser humano que necessita de sua ajuda ê seu próximo. Você manifestaria o mesmo espírito daquele samaritano, e você 'seria' a melhor resposta à sua pergunta."
Mas o Senhor usou uma aplicação indireta. Ele fez com que o interrogado se expressasse ao dirigir-lhe a pergunta: "Qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos assaltantes?" Ele respondeu: "O que usou de misericórdia para com ele." Havendo interrogado o doutor da lei, Jesus reforçou a lição com o mandamento: "Vai, e faze da mesma maneira." Há uma admoestação nestas palavras — indireta. E o homem ficou com algo em que pensar por muitos dias.
Vemos que o Senhor fez com que o seu interlocutor respondesse à pergunta dele próprio. De modo semelhante o professor induz os alunos a expressar-se, como sugerimos em seguida: "Temos agora o conhecimento da forma de orar. Mas é suficiente saber orar? O conhecimento acerca da oração trará um avivamento? Então, o que é necessário para completar o conhecimento?" E a lição poderia terminar com a resposta: "Praticar o que se aprendeu: Orando"
O RESUMO
Deve-se calcular o tempo disponível ao preparar-se a aula, e ao colocar-se em ordem a matéria da lição. A aula pode ser comparada a uma viagem de navio, no fim da qual esperamos que o professor faça descer a escada e os passageiros desembarquem dentro do horário. A prática e a experiência ajudarão o professor a saber em que partes da lição deve colocar maior ênfase, e em que partes menor destaque, para que a aula se ajuste ao tempo que lhe foi determinado.
O esboço escrito pelo professor deve ser breve: um mero esqueleto da lição, que serve apenas para refrescar-lhe a memória. Fique bem claro que segundo o plano da aula, explicado neste capítulo, não se tenta restringir a liberdade do professor, obrigando-o a expor a lição de maneira inflexível e rígida. Trata-se antes de dar-lhe uma pauta, um guia para a organização de sua aula, uma apresentação ordenada da matéria que ele coligiu.
"Embora o professor tenha preparado o melhor esboço possível — escreve Suter — pode ocorrer uma situação inesperada que o obrigue a desviar-se no rumo estabelecido. É certo que isto lhe acontecerá uma ou outra vez. Não desanime. Existem razões legítimas para você desviar-se. Talvez um aluno provoque uma discussão por causa de alguma pergunta importante que ele fez, e que exige uma resposta instantânea. Pode estar aí uma oportunidade de ouro. Lembre-se de que o propósito fundamental do ensino bíblico é influir na vida das pessoas.
Talvez seja necessário e prudente "sair dos trilhos" por um momento; mas é muito importante que tenhamos um trilho do qual possamos sair quando conveniente.
Percorremos uma longa distância neste capítulo. Olhemos para trás para ver, de relance, o plano da lição:
I. Introdução
Propósito: preparar a mente e o coração do aluno
A. Fazendo-o pensar
B. Despertando seu interesse
C. Declarando-lhe o tema
II. Apresentação
Propósito: Compartilhar os fatos principais da lição:
A. Resumindo a lição
B.      Desenvolvendo a lição com perguntas, discussões e explicações
C.      Ilustrações
III.     Conclusão
Propósito: Resumir a lição e aplicá-la à vida com duas petições:
A.      Uma petição dirigida à mente

B.      Outra dirigida ao coração

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